Mobilização
Paralisação do transporte coletivo afeta 35 mil passageiros
Trabalhadores permaneceram em frente das garagens; empresa da Zona Rural assina compromisso de pagar o dia 31
Jô Folha -
Por Cíntia Piegas e Roberto Giovanaz
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A sexta-feira (31) amanheceu sem transporte coletivo em Pelotas. Desde as 5h da manhã, os ônibus estão nas garagens e os trabalhadores permanecem na frente das empresas. O imbróglio da paralisação diz respeito ao não pagamento do dia 31 e meses com esta data, como ocorria há mais de 30 anos. A empresa Santa Cruz, responsável pelo transporte da Zona Rural concordou em pagar pelo dia e os ônibus funcionam normalmente. Pelas informações da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), a paralisação afeta cerca de 35 mil usuários do transporte coletivo urbano.
Nas primeiras horas da manhã, a tradicional movimentação do transporte coletivo, com os usuários nas paradas de embarque e desembarque deixaram a cidade mais silenciosa. Em frente à empresa Laranjal, apenas um sindicalista e alguns motoristas acenavam que estava tudo calmo.
Na empresa Santa Maria, no bairro Areal, o piquete era um pouco maior, mais o cenário era o mesmo: toda a frota parada. "As empresas afirmam que não devem pagar o 31 e nós entendemos ao contrário. Há 36 anos que nós recebemos e, em nenhum momento foi negociado, simplesmente eles deixaram de pagar de 31 de dezembro para cá. Nós estamos nessa batalha e vamos até o fim", disse o tesoureiro do Sindicato, Sonomar Dias de Oliveira.
Usuários sentem os efeitos
Posicionadas na última parada de ônibus da avenida Fernando Osório, quase na BR-116, as moradoras dos condomínios Buenos Aires e Montevidéu aguardavam o coletivo e foram informadas pela reportagem que o serviço estava paralisado. Outros que aguardavam na parada resolveram começar o trajeto a pé até encontrar uma carona. De lá até o centro são cerca de 12 quilômetros. “Eu ia buscar um remédio para a minha filha. Agora vou ter que ir na segunda-feira”, comentou Lidiane Costa, que estava acompanhada de um filho cadeirante e outra filha.
Também aguardando na Fernando Osório, Beatriz Rutz precisava do transporte para trabalhar no centro e é usuária diária dos coletivos. Consultando quanto custaria uma viagem em transporte por aplicativo, veio a surpresa. “Normalmente custa R$12,00, hoje de manhã estava R$38,00. Sem condições”, disse. Como o assunto já estava correndo tanto nas redes sociais como na imprensa, muitos já se programaram para a paralisação. Chegando de viagem, a moradora do Fragata, Irani da Silva, não sabia da paralisação. “Eu só uso ônibus. E é pra tudo. Estranhei que não tava passando nenhum. Vou ter que chamar pelo aplicativo”, manifestou.
“Se pagarem a gente trabalha”
Um dos pontos que mais concentrou motoristas, cobradores e fiscais foi em frente a empresa Conquistadora, na avenida Leopoldo Brod, na Zona Norte da cidade. Na manhã desta sexta-feira, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Pelotas (STTRP), Claudiomiro Amaral, informou que os trabalhadores aguardavam o pagamento referente ao dia 31. “Quem está paralisando o transporte coletivo de Pelotas são as empresas, nós estamos aqui pra trabalhar. Não estamos pedindo aumento nem nada, se pagarem a gente trabalha”, argumentou.
Na justiça
O secretário-executivo do Consórcio do Transporte Coletivo de Pelotas (CTCP), Enoc Guimarães, classificou a paralisação como greve e afirmou que o movimento é ilegal. “Ingressamos com uma ação declaratória de nulidade de greve no TRT e está com eles para despachar”, informou. Entre os trabalhadores, fala-se em paralisação por ter um tempo determinado - os coletivos voltarão a rodar à meia-noite desta sexta-feira. Por classificar como greve, Enoc sustenta o movimento não cumpriu o que exige a lei de greves.
Sem ingerência
Quem também lamentou a paralisação foi o secretário Flávio Al Alam, da SMTT. “Lamentamos profundamente. A secretaria, a prefeitura não tem ingerência sobre esta discussão entre entre empregador e empregados”, ressaltou. Pelo tempo de paralisação, de um dia, e pelas circunstâncias de pouco movimento no mês de janeiro, informou, não foi buscado alternativas com vans e outros meios. “Não é admissível que cada problema que eles tenham seja transferido ao usuário”, criticou.
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